- PEDRO LUSO DE CARVALHO
FRIEDRICH
WILHELM NIETZSCHE nasceu em Rökken, perto de Lutzen, em 1844, e faleceu em
Weimar em 1900. O filósofo alemão, um dos pensadores mais influentes do século
19, teve sua moral baseada na cultura da energia vital e na vontade do poder
que eleva o homem até a categoria de super-homem, como se vê em Assim Falava Zaratustra, sua obra mais
importante.
No verbete
sobre Nietzsche, da Enciclopédia Judaica Castelhana, publicada no México em
1950, lemos: “Filósofo e poeta lírico alemão 1844-1900. Seus escritos têm
exercido profunda influência, e foi ele quem cunhou expressões tais como
super-homem, transmutação de valores, espírito senhoril, etc. Os nazistas a
princípio adotaram conceitos nietzschianos, mas tiveram de abandonar as obras
de Nietzsche ao se darem conta de que as obras dele estavam muito longe de
oferecer fundamentação ideológica ao nazi-fascismo.”
Suas
principais obras: A gaia ciência
(1882); A genealogia da moral (1887);
Além do bem e do mal (1886); A origem da tragédia (1872); Assim falava Zaratustra (1883); Aurora (1881); Ecce Homo (1888); Humano,
demasiado humano (1878); O anticristo
(1888); O caso Wagner (1888); Crepúsculo dos ídolos (1888); Opiniões e sentenças misturadas (1879); O viajante e sua sombra (1879); Vontade de potência (publicação póstuma
– 1901).
Segue o
texto de Nietzsche intitulado Juventude (In Nietzsche, Friedrich. Além
do bem e do mal. Tradução de Antonio Carlos Braga. 2ª ed. São Paulo:
Editora Escala, 2007, nº 31, p. 48-49):
[ESPAÇO
DA FILOSOFIA]
JUVENTUDE
[ NIETZSCHE
]
Durante os anos da juventude, se venera ou se
despreza ainda sem essa arte da nuance que constitui o melhor benefício da vida
e, mais tarde, é natural que se pague muito caro, por ter assim julgado coisas
e pessoas por um sim e por um não. Tudo é disposto de forma que o pior gosto, o
gosto do absoluto, seja cruelmente burlado e profanado até que o homem aprenda
a colocar um pouco de arte em seus sentimentos e que, em suas tentativas, dê
preferência ao artificial, como fazem todos os verdadeiros artistas da vida. A
inclinação à cólera e o instinto deveneração, que são próprios da juventude,
não parecem repousar até que tenha desfigurado homens e coisas, para poder
assim se desafogar. A juventude em si já é alguma coisa que engana e que
falsifica. Mais tarde, quando a alma jovem, torturada por mil desilusões, se
encontra finalmente cheia de suspeitas contra si mesma, ainda ardente e
selvagem, mesmo em suas suspeitas e seus remorsos, como haverá de entrar em
cólera contra si mesma, como haverá de se dilacerar com impaciência, como
haverá de se vingar de sua longa cegueira, que se poderia julgar coluntária,
tanto se enfurece contra ela! Nesse período de transição, o homem se pune a si
mesmo, por desconfiança de seus próprios sentimentos; martiriza seu entusiasmo
pela dúvida, a boa confiança já aparece como um perigo, a ponto que se poderia
acreditar que o eu está irritado com
isso e que uma sinseridade mais sutil se cansa com isso; e, sobretudo, toma
partido, por princípio, contra a “juventude”.
– Dez anos mais tarde se dá conta que isso também não foi senão – juventude!
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