19 de jul. de 2013

[Filosofia] NIETZSCHE – Juventude




-  PEDRO LUSO DE CARVALHO 


FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE nasceu em Rökken, perto de Lutzen, em 1844, e faleceu em Weimar em 1900. O filósofo alemão, um dos pensadores mais influentes do século 19, teve sua moral baseada na cultura da energia vital e na vontade do poder que eleva o homem até a categoria de super-homem, como se vê em Assim Falava Zaratustra, sua obra mais importante.

No verbete sobre Nietzsche, da Enciclopédia Judaica Castelhana, publicada no México em 1950, lemos: “Filósofo e poeta lírico alemão 1844-1900. Seus escritos têm exercido profunda influência, e foi ele quem cunhou expressões tais como super-homem, transmutação de valores, espírito senhoril, etc. Os nazistas a princípio adotaram conceitos nietzschianos, mas tiveram de abandonar as obras de Nietzsche ao se darem conta de que as obras dele estavam muito longe de oferecer fundamentação ideológica ao nazi-fascismo.”

Suas principais obras: A gaia ciência (1882); A genealogia da moral (1887); Além do bem e do mal (1886); A origem da tragédia (1872); Assim falava Zaratustra (1883); Aurora (1881); Ecce Homo (1888); Humano, demasiado humano (1878); O anticristo (1888); O caso Wagner (1888); Crepúsculo dos ídolos (1888); Opiniões e sentenças misturadas (1879); O viajante e sua sombra (1879); Vontade de potência (publicação póstuma – 1901).

Segue o texto de Nietzsche intitulado Juventude (In Nietzsche, Friedrich. Além do bem e do mal. Tradução de Antonio Carlos Braga. 2ª ed. São Paulo: Editora Escala, 2007, nº 31, p. 48-49):


         [ESPAÇO DA FILOSOFIA]


           JUVENTUDE
                                      [ NIETZSCHE ]



Durante os anos da juventude, se venera ou se despreza ainda sem essa arte da nuance que constitui o melhor benefício da vida e, mais tarde, é natural que se pague muito caro, por ter assim julgado coisas e pessoas por um sim e por um não. Tudo é disposto de forma que o pior gosto, o gosto do absoluto, seja cruelmente burlado e profanado até que o homem aprenda a colocar um pouco de arte em seus sentimentos e que, em suas tentativas, dê preferência ao artificial, como fazem todos os verdadeiros artistas da vida. A inclinação à cólera e o instinto deveneração, que são próprios da juventude, não parecem repousar até que tenha desfigurado homens e coisas, para poder assim se desafogar. A juventude em si já é alguma coisa que engana e que falsifica. Mais tarde, quando a alma jovem, torturada por mil desilusões, se encontra finalmente cheia de suspeitas contra si mesma, ainda ardente e selvagem, mesmo em suas suspeitas e seus remorsos, como haverá de entrar em cólera contra si mesma, como haverá de se dilacerar com impaciência, como haverá de se vingar de sua longa cegueira, que se poderia julgar coluntária, tanto se enfurece contra ela! Nesse período de transição, o homem se pune a si mesmo, por desconfiança de seus próprios sentimentos; martiriza seu entusiasmo pela dúvida, a boa confiança já aparece como um perigo, a ponto que se poderia acreditar que o eu está irritado com isso e que uma sinseridade mais sutil se cansa com isso; e, sobretudo, toma partido, por princípio, contra a “juventude”. – Dez anos mais tarde se dá conta que isso também não foi senão – juventude!


          
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