22 de jul. de 2013

[Conto] RUBEM FONSECA – Corrente



 -  PEDRO LUSO DE CARVALHO 


RUBEM FONSECA nasceu em Juiz de Fora, MG, a 11 de maio de 1925. Formou-se em Direito na cidade do Rio de Janeiro. Aí exerceu o cargo de inspetor de polícia, por alguns anos. Atraído pela literatura, exonerou-se do cargo. Passou a dedicar-se ao romance e ao conto. Sua obra encontra-se publicada em vários países.

O escritor é detentor de muitos prêmios literários: Pen Club do Brasil (A coleira do cão); Câmara do Livro de São Paulo (A coleira do cão); Associação Paulista de Críticos de Arte (O cobrador); Prêmio Goethe (A grande arte); Prêmio Giuseppe Acerbi, Mantova, Itália (Vaste emozione e pensie imperfeti); Jabuti (O buraco na parede – conto); Prêmio Machado de Assis, Biblioteca Nacional (E do meio do mundo prostituto só amores guardei ao meu charuto); Prêmio Eça de Queiroz da União Brasileira de Escritores (A confraria dos Espadas – conto); Prêmio de melhor romance do ano, da Associação Paulista de Críticos de Arte (O doente Molière); Prêmio Luis de Camões, Brasil/Portugal, pelo conjunto da obra, em 2003; 14º Prêmio de Literatura Latino-americana e Caribe Juan Rulfo, México, em 2003.


Segue corrente, conto de Rubem Fonseca (in Fonseca, Rubem. Lúcia McCartney. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987, p. 113):


[ESPAÇO DO CONTO]


 CORRENTE
[ RUBEM FONSECA ]


Após meses de sofrimento e solidão chega o correio:
esta corrente veio da Venezuela escrita por Salomão
[Fuais
para correr mundo
faça vinte quatro cópias e mande a amigos em
 lugares distantes:
antes de nove dias terá surpresa, graças a Santo
[Antônio.
Tem vinte e quatro cópias, mas não tem amigos
[distantes.
José Edouard, exército venezuelano, esqueceu de
[distribuir cópias
perdeu o emprego.
Lupin Gobery incendiou cópia, casa pegou fogo,
metade da família morreu.

Mandar então a amigos em lugares próximos.
Também não tem amigos em lugares próximos.

Fecha a casa.
Deitado na cama, espera surpresa.


*  *  *