19 de out. de 2011

PEDRO LUSO - Ensino Formal e Literatura

                


                 por  Pedro Luso de Carvalho


        Sabemos que o ensino formal caiu muito em qualidade a partir do início da década de 70, quando vivíamos sob o regime da Ditadura Militar. Os militares que passaram a dirigir o país a partir de abril de 1964, temiam as mentes desenvolvidas. E não tiveram dúvida de que pessoas pouco preparadas culturalmente seriam manobradas com mais facilidade. E para passar da teoria para a prática custou muito pouco para eles. Uma lei federal logo viria fazer uma drástica reforma no ensino formal. Matérias importantes, como o estudo da língua inglesa, francesa e do latim, por exemplo, foram eliminadas. 

        Então, como o objetivo dos militares era colocar vendas nos olhos dos brasileiros, em especial dos estudantes, criaram a cadeira de Moral e Civica para elevar as nossas “sagradas instituições”; esperavam dela força suficiente para despertar nos jovens o sentimento de amor ao país, à bandeira, ao hino nacianal etc, com o propósito de, nas entrelinhas, enaltecer os militares das três Forças Armadas, e, com isso, buscar a aceitação cômoda desse Governo de força. O que vimos foi um povo assustado e sem esperança. Mas, na verdade, nem todos estavam assustados e muito menos conformados.

        Vemos com clareza que o saldo dessa política que envolveu o ensino formal foi um desastre; e sua recuperação pode levar ainda muitos anos. Isto se leis novas forem editadas para dar-lhe uma nova direção - esperamos no mínimo que nossos jovens aprendam a ler e a escrever. Os nossos jovens devem estar preparados para enfrentar todas as dificuldades, que por certo irão deparar na sua caminhada. E sem o exercício da leitura não estarão aptos a escrever e a pensar. Sabemos que o sentimento de liberdade e o valor que se deve dar à democracia chegarão pelo execício da leitura. 

        Quando se fala em leitura no Brasil logo se pensa na literatura. Pelo menos comigo é o que acontece. Por meio da literatura aprendemos a ter discernimento e, por conseguinte, a escolher políticos que não venha colocar em risco a democracia. Devemos aprender a ser rigorosos com os atos desonestos de nossos políticos e exigir que sejam julgados como qualquer brasileiro comum. O rigor da lei não deve estar restrito aos brasileiros pobres e negros. Devemos aprender a extirpar o sórdido preconceito de raça e de classe social. Para isso, temos os nossos escritores, que sabem abordar esse tipo de deformidade social. Nós temos bons exemplos desses romancistas: Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Guimarães Rosa, entre outros.