8 de mai. de 2012

A. J. TOYNBEE - O Sentido da Vida



                                    por Pedro Luso de carvalho


       Arnold Joseph Toynbee (1889-1975), que se tornou conhecido por sua obra prima A Study of History, escreveu um livro excelente, nascido pelos diálogos que manteve com o professor Wakaizume, da Universidade Sangyo, Kyoto, do Japão, A Sociedade do Futuro (Surviving the Future), Essa obra do mestre da historiografia moderna, composta por sete ensaios, com cada um deles explorando a pergunta inicial que lhe foi feita por Wakaizume sobre a configuração futura do mundo, foi publicada no Brasil em 1976, já na sua 3ª ed., pela Zahar Editores, com tradução de Celina Whately.

        Escolhemos, dentre os sete ensaios que compõe A Sociedade do Futuro, para esta publicação, trechos do primeiro ensaio, intitulado ‘O Sentido da Vida’, págs. 13-20, que se inicia com a pergunta que o professor Wakaizume faz a Arnold Toynbee:

        WAKAIZUME: "A ciência aplicada à tecnologia tem produzido diversas, complexas e revolucionárias transformações em nossa vida. A rapidez com que se processam faz com que se torne cada vez mais difícil analisá-las. A sociedade que durante milhares de anos foi agrícola, pastoril e rural está-se tornando industrial e urbana. A conseqüente confusão, pressão e tensão que sofremos hoje em dia leva-nos a reconsiderar a questão fundamental do significado e do objetivo da vida. Para que vivem os homens?"

       TOYNBBE: "A confusão, a pressão, as complicações e as rápidas transformações da vida moderna refletem-se sobre toda a humanidade e principalmente sobre os jovens. A juventude deseja encontrar o seu caminho, entender o sentido de viver, compreender as circunstâncias com que se defronta. Para que vivem os homens? Essa pergunta que aflige mais aos jovens persegue, entretanto, a todos, em qualquer idade.

        Eu diria – continua Toynbee –que o homem deveria viver para amar, compreender e criar. Deveria empregar toda sua habilidade e força sacrificando-se, se necessário fosse, para a consecução desses três objetivos. Qualquer coisa valiosa pode exigir sacrifícios e se você considerá-la valiosa estará preparado para o sacrifício.

        Pessoalmente eu acredito – diz Toynbee – que o amor seja um valor absoluto, aquele que dá significado à vida humana e à de algumas espécies de mamíferos e pássaros que, como nós, a meu ver, vivem para o amor. Também acredito (embora saiba que isso não possa ser demonstrado) que o amor que nós conhecemos através de experiências concretas de seres humanos no nosso planeta está presente da mesma forma que um espírito maior, transcendental. O amor pode, e efetivamente às vezes o faz, gerar um amor retributivo. Sabemos, por experiência própria, que quando isso ocorre o amor se expande e se espalha. Entretanto, o amor também pode defrontar-se com a hostilidade e então exigirá um auto sacrifício, mesmo que não vejamos nenhuma possibilidade da hostilidade se transformar em amor”.


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